Carlos Castelo é um cara de muitas vidas. Músico, letrista, artista e performer, mais recentemente foi cavalo de um haijin (poeta de haicai) de produção transbordante (a propósito, não causará espanto se for convocado a compor a delegação brasileira de Sudoku nas próximas Olimpíadas). Nos anos 1980, no subsolo do Teatro Lira Paulistana, arrebentou a cena musical paulistana com o conjunto Língua de Trapo, do qual foi um dos fundadores e maior compositor. Em “senryu and me”, Carlos pratica a concisão dos três versos, emulando o senryu, poema satírico japonês. Primo-irmão do haicai, deve ser lido de uma única vez, sem muita reflexão crítica, ou meditabunda – como diria Millôr Fernandes. Talvez, como um poema-piada, de Oswald de Andrade. Rodolfo Witzig Guttilla