Não à toa Monteiro Lobato admitiu que, apesar do título dedicado a Narizinho, quem reinava mesmo nas histórias era Emília. Nem mesmo o autor mais respeitado de toda a literatura infantojuvenil brasileira conseguia dominar as peraltices da boneca de pano nas dezenas de aventuras povoadas da mais rica mitologia nacional. Conhecido como a locomotiva do comboio da saga do Picapau Amarelo, Reinações de Narizinho reúne as onze histórias que Lobato começou escrevendo em 1920. Surgem ali Narizinho, Pedrinho, o Visconde, Rabicó, Tia Nastácia, e, claro, Emília, que comanda todas as travessuras em um misto de realidade e fantasia, trazendo à cena personagens clássicos da literatura infantil mundial, como Cinderela, Branca de Neve, o Gato Félix, todos ilustres convidados de cada uma das festas. Na nova edição, destacam-se a manutenção da sintaxe e do vocabulário do original de 1931, o que resultou em uma preciosa e necessária referência para os debates lobatianos dos tempos atuais. O fascínio e o encanto mantidos por quase um século e que tomaram gerações e gerações de crianças vêm, sobretudo, da simplicidade das narrativas, como se cada um de nós estivesse compondo o que aconteceu antes e o que vai acontecer depois. Na nossa língua mais sincera e pura, que, pelo estilo único de Lobato em fundar as histórias em um português fluido e atemporal, acaba se tornando produto da espontaneidade natural de nossos primeiros atos criativos. O projeto gráfico de Mayumi Okuyama acompanha de perto essa viagem no tempo e dialoga com as edições anteriores da Globo Livros, seja na tipografia ou nas ilustrações. A consultoria do pesquisador Vladimir Sacchetta, um dos pioneiros na cruzada pela valorização dos personagens tipicamente brasileiros de Lobato, enriqueceu uma edição que vai servir de referência tanto ao iniciado em assuntos lobatianos como àquele que está dando seus primeiros passos nas obras do mestre. "Reinações de Narizinho", um clássico da literatura infantil brasileira que continua atual como nunca, reúne histórias escritas por Monteiro Lobato em 1920. O livro narra as primeiras aventuras que acontecem no Sítio do Picapau Amarelo e apresenta Emília, a boneca de pano tagarela e sabida, Tia Nastácia, famosa por seus deliciosos bolinhos, Dona Benta, uma avó muito especial, e sua neta Lúcia, a menina do nariz arrebitado. Lúcia, mais conhecida como Narizinho, é quem transporta os leitores a incríveis viagens pelo mundo da fantasia. Com Monteiro Lobato, é impossível parar de ler. Ele inventou um jeito especial de escrever às crianças que até hoje serve de inspiração para os autores infantis. É por isso que desde o seu lançamento, em 1931, "Reinações de Narizinho" vem divertindo e formando gerações de leitores brasileiros.