Cartas sertanejas e Procellarias, de Julio Ribeiro (1845-1890), publicados em 1885 e 1887, respectivamente, e ganharam um estudo de José Leonardo do Nascimento, historiador e professor da Unesp. O mineiro Julio Ribeiro foi um polemista temido pelos adversários que acabou ficando mais conhecido pelo romance naturalista A carne, publicado em 1888, que provocou escândalo na época. Gramático erudito, poliglota e refinado, Ribeiro não era bacharel - ao contrário de quase todos com quem polemizou. Participou ativamente da vida política da província por meio da imprensa e da militância republicana. Pertenceu a ala esquerda do movimento republicano e criticou duramente o Partido Republicano Paulista durante o período da propaganda republicana, entre 1870 e 1889. "Os dois livros recopilam artigos de jornal em que o autor censura figuras importantes da vida política como Rangel Pestana, Prudente de Morais, Quintino Bocaiúva, entre outros", observa o organizador da Coleção Paulista. Cartas Sertanejas reúne um conjunto de artigos publicados em 1885, no jornal Diário Mercantil. Já Procellarias contém artigos que saíram em 1887 publicados no periódico republicano A Procellaria, editado em São Paulo, mas o livro só foi publicado cinquenta anos depois. Os textos foram escritos em plena efervescência republicana e abolicionista. Os liberais, conservadores e republicanos da província são os adversários prediletos de Julio Ribeiro, defensor de uma república ilustrada. Os dois livros representam o embate dos republicanos radicais(como Ribeiro e Silva Jardim) contra os republicanos moderados(Campos Salles e Prudente de Morais). O autor acabou falecendo meses após a proclamação da República na cidade de Santos, em 1890.