Conhecer o outro é um desafio quase inimaginável. Saber quem é o indivíduo próximo a nós, entender o recorte social ao qual ele pode pertencer e a sua transcendência como alguém semelhante a nós por aquilo que nos aproxima e, ao mesmo tempo, nos diferencia, é uma prática constante de sensibilidade, inteligência e ética. É sobre esse difícil exercício que fala este livro, que comemora o centenário da imigração japonesa no Brasil. De um lado, o Japão, hoje um país que tem a segunda maior economia do mundo por Produto Interno Bruto nominal, formado por um arquipélago com uma população de pouco mais de 127 milhões de pessoas - o décimo país mais populoso do mundo -; e do outro, o Brasil, com a quinta maior população - cerca de 186 milhões de pessoas - e a quinta maior área do mundo. As aproximações começam oficialmente com a chegada ao Brasil, em 18 de junho de 1908, no Porto de Santos, do primeiro navio com imigrantes japoneses, o Kasato Maru, que trouxe 165 famílias para trabalhar nos cafezais do Oeste paulista. Todavia, esse marco histórico não dá conta do imaginário que existia mesmo antes da embarcação chegar nem dos seus desdobramentos futuros. Este livro traz à discussão pontes e elos entre Brasil e Japão, levando em conta alguns princípios estéticos que norteiam o país oriental desde os seus primórdios: miyabi (elegância refinada), mono no aware (consciência da transcendência de tudo que somos e daquilo que nos cerca), wabi (prazer da tranqüilidade) e sabi (simplicidade elegante). A síntese desses princípios, grosso modo, estaria na configuração de um mundo de harmonia e serenidade. Ao lançarmos os olhos sobre o Japão, selecionamos e trazemos fragmentos daquilo que lá está e que nos atrai de alguma maneira. Recortamos, decompomos e montamos um jogo de relações e influências. Tudo isto e muito mais são tratados nas 120 páginas desse livro, em edição bilíngüe e inteiramente ilustrado.