Metrópole: Abstração, que a editora Perspectiva publica em sua coleção Estudos, medita sobre as idéias e a materialidade dos experimentos humanos em perpétuo movimento, na tentativa racional de ordenar a urbe, compondo um panorama das mentalidades que pensaram a formação das metrópoles desde o século XVII até a época das vanguardas artísticas, em inícios do século XX. Ao apresentar tais cenários, Ricardo Marques de Azevedo vai desvelando, com propriedade e erudição, como as espacialidades são construídas a partir dos mais diversos projetos urbanísticos. Verificamos, então, nessas especulações, que mínimos detalhes constitutivos da metrópole são sempre planificados de acordo com uma organização que reflete as concepções econômicas, políticas e culturais dos mentores e formuladores de esquemas de organização e ocupação do solo das grandes cidades: nada é por acaso. Contudo, ao mesmo tempo, o autor faz transparecer que, nessa tentativa de introduzir um arranjo cosmológico definido e estável, há sempre o caos que escapa aos mais rígidos projetos, revelando a outra face da metrópole, a do corpo vivo que propõe – e muitas vezes impõe – gestos, comportamentos e modos de ser e estar que são imprevisíveis.