Na "guerra às drogas", nações gastam milhões em campanhas de prevenção que nunca são tão eficazes quanto deveriam. Seria o caso de abandoná-las, em função do critério de custo-benefício ou, antes, tentar entender o porquê da ineficiência? Eduardo Furtado Leite propõe uma perspectiva original e sagaz, a partir da leitura semiótica e da escuta psicanalítica dos supostos implícitos no modelo utilizado no Brasil. A dependência é um fenômeno complexo, que não se reduz ao aspecto biológico do organismo, pois o sujeito que habita esse corpo é um ser social, às voltas com o desejo e a lei, e usuário contumaz de um gozo inconsciente. O discurso intimidatório não costuma dar certo numa questão que, no fundo, é mais ética do que orgânica. Mais do que ganhar a guerra, trata-se de não perder a paz (da apresentação de Oscar Angel Cesarotto).