Entre os anos de 1883 e 1886, Machado de Assis, sob o pseudônimo Lélio, escreveu 125 crônicas para a série humorística intitulada Balas de Estalo, publicada no jornal carioca Gazeta de Notícias. Machado integrava um grupo de mais de uma dezena de cronistas que diariamente se revezavam no ofício de comentar o cotidiano da política imperial em um exercício que chamavam de "balística inofensiva e doce. Em meio a um contexto de grandes mudanças políticas, sociais e culturais, típicas dos anos 1880, Lélio e os outros narradores da série coletiva, através do humor, tentavam dar sentido a essas transformações na medida em que comentavam os acontecimentos do dia a dia. Em um minucioso trabalho de análise das crônicas, colocadas pela autora em interlocução com notícias de jornal, debates parlamentares e polêmicas literárias, o livro As máscaras de Lélio pretende compreender como o literato, em meio à indeterminação histórica, construiu um personagem-narrador para esses textos escritos ao correr da pena e como usou a literatura para discutir política, ciência e escravidão.