Mil Platôs é o prolongamento de uma aposta iniciada em O anti-Édipo. Mais do que um acerto de contas com a conturbada década dos anos 60 e o freudo-marxismo que parecia animá-la, este era, segundo a bela definição de Michel Foucault, uma 'introdução à vida não-facista'. Ou seja, um livro de ética. Foucault resumia as linhas de força daquele 'guia da vida cotidiana': liberar a ação política de toda forma de paranóia unitária e totalizante: alastrar a ação, o pensamento e o desejo por proliferação e disjunção ( e não por hierarquização piramidal): liberar-se das velhas categorias do Negativo, investindo o positivo, o múltiplo, o nômade: desvincular a militância da tristeza: liberar a prática política da noção de Verdade: recusar o indivíduo como fundamento para reivindicações políticas ( o próprio indivíduo é um produto de poder) etc.