Houve um tempo em que Luís Delfino era considerado um poeta da estatura de Olavo Bilac. E muito mais homenageado. Apontado como o Victor Hugo brasileiro pelos românticos da década de 1860, considerado o maior poeta vivo do Brasil na época, na prova em concurso promovido pela revista A Semana (1885), eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pelos jovens simbolistas, em 1898, conseguiu atravessar meio século de poesia reverenciado como um mestre.Com a sua morte, em 1910, e o ineditismo de seus poemas em livro, o poeta sofreu uma baixa considerável na admiração dos leitores de poesia. A edição de suas obras, a partir de 1927, sem separar o ouro do cascalho, não conseguiu restituir-lhe o antigo prestígio.Só em nossos dias, o poeta voltou a fascinar leitores e estudiosos de poesia, graças a antologias como os Melhores Poemas Luís Delfino, selecionados com critério e conhecimento de causa por Lauro Junkes.Mas sempre manteve a admiração dos iniciados na arte poética. Manuel Bandeira, por exemplo, considerava a sua poesia "bem pessoal, deliciosamente estranha". Dante Milano chegou a admitir que, se Delfino tivesse domado o seu impetuoso verbalismo e a sua desenfreada imaginação poderia ter sido "o nosso maior poeta".Autor de poemas caudalosos na mocidade, inspirados pelos delírios românticos, podou um pouco de seus excessos sob a disciplina parnasiana, assim como incorporou uns vagos tons simbolistas. Foi o parnasianismo, também, que o levou a identificar no soneto o seu veículo ideal de expressão. O exagero da época dizia que escreveu mais de cinco mil.Não é preciso tanto para se manter entre os grandes poetas brasileiros de todos os tempos. Poemas como “As Três Irmãs”, “Capricho de Sardanapalo”, “A Sultana” e “A Primeira Lágrima” (os três últimos sonetos) bastam para lhe garantir um lugar especial na evolução da poesia brasileira.