É cada vez mais urgente trabalhar pela constituição da comunicação como um campo do saber. Essa preocupação não ocorria no passado porque as ligações sociais não eram tão extensas. A chamada "comunicação social", ou seja, as empresas, as redes de telecomunicação, o complexo de canais, ondas, satélites deixaram de ser apenas sistemas técnicos; eles são hoje formas de estruturar, e mesmo decidir, a vida de populações inteiras do planeta. Mas são campo de estudo da ciência política, da sociologia, da psicologia, mesmo que se apresentem como "estudos de comunicação". Em realidade, nenhum deles estuda de fato a comunicação propriamente dita: investiga conexões políticas, ideológicas, econômicas, formas de organização social, que buscam interferir em cenários políticos aqui ou no exterior. O que se propõe com este livro é inverter a perspectiva, é voltar-nos a algo que parece ter ficado esquecido: o fenômeno da própria comunicação humana, mesmo que permeada de aparelhos e processos tecnológicos mais amplos. Como ele ocorre, em que as mensagens vindas do outro interferem na nossa mente, como elas nos atingem ou não.