A arquitetura e os estudos urbanos contemporâneos têm em Rem Koolhaas uma de suas influentes referências. Despontando na década de 1970, o arquiteto tem conjugado às suas atividades projetuais uma produção teórica considerável, em que o pensar sobre a metrópole é central. Nesse período, a produção do urbano tem passado por transformações estruturais. Por um lado, as grandes cidades foram instadas a rearticularemse frente à reorganização econômica e produtiva associada à dominância do capital financeiro, à revolução informacional e às novas matrizes de subjetivação, dentre outros fatores, transmutando-se em complexos cenários socioculturais e ambientais. Por outro lado, a arquitetura passou a se encontrar com novas disciplinas e tecnologias, ampliando seu espectro material e seu campo compreensivo. As formulações de Koolhaas face a essa dinâmica são aqui examinadas em suas principais diretrizes, por meio de uma acurada leitura de uma constelação de ensaios e projetos em que Paolo Colosso explicita a contraposição do arquiteto a dualismos e ortodoxias recalcitrantes na arquitetura, assim como a sua elaboração de novas categorias sobre o espaço urbano. Essa análise singulariza-se de modo instigante ao desfiar o estofo de tal detalhamento suas ambiguidades e ambivalências, colocando-se em perspectiva crítica a relação entre os planos teórico e prático em pauta, assim como suas implicações políticas perante o enfrentamento da condição urbana, no presente. Vera Pallamin