Dando continuidade a uma pesquisa iniciada em 1980 sobre a presença negra em Portugal, já registrada no livro 'Os negros em Portugal - uma presença silenciosa' (1988), José Ramos Tinhorão descobriu uma modalidade de canto e dança completamente desconhecida dos historiadores e estudiosos da música - o rasga. Caracterizado por um ruído peculiar, produzido pelo atrito entre uma haste de cana e um cilindro de madeira denteado - versão rudimentar do que conhecemos hoje como ganzá ou reco-reco -, o rasga teria surgido entre os negros e mulatos de Lisboa no início do século XIX. Unindo o faro do pesquisador à paixão do musicólogo, Tinhorão localizou os indícios que comprovaram a existência do gênero para recompor, em linhas gerais, sua trajetória ao longo dos tempos. Além disso, analisa-o também em seus aspectos históricos e sociológicos. Com isso, acrescentou mais uma peça ao quebra-cabeça que constitui a historiografia da música popular. O livro vem acompanhado de um CD que reúne algumas das músicas encontradas ao longo da investigação. No conjunto, trata-se de uma valiosa contribuição para a bibliografia da música popular e para o estudo das trocas interétnicas entre Europa, África e América