Coube a uma frase de Nietzsche reunir essas duas potencialidades - povo e crianças. E essa frase nos leva a valorizá-los justamente em função da alegria, dessa paixão altamente positiva. De fato, com Nietzsche, "a perene alegria do povo e das crianças" é celebrada em detrimento do "humor sombrio" e do "pesar dos grandes pensadores", pesar "relacionado à má consciência" deles. E sabe-se também o quanto essa grande paixão, a alegria, corresponde, na Ética de Espinosa, a um aumento da potência de agir. Rigorosamente falando, "a alegria", diz ele, "consiste na passagem para uma perfeição maior". Disso tudo, o que mais interessa neste livro é notar que uma criança nunca é abandonada nessa filosofia, pois há coexistência intensiva entre uma criança e um mundo, entre uma criança e um pensamento que não abandona a pergunta sobre o recomeço do novo, recomeço inimaginável sem a vida que varia e se intensifica a partir dessa mesma coexistência.