O olhar aguçado do antropólogo vai desvendando um dos fenômenos mais significativos da natureza humana - a religião. A fogueira de Xangô é a memória da África reelaborada no Brasil, com toda a sua beleza, vigor e emoção. O escritor possibilita ao leitor a reflexão e a vivência deste legado e patrimônio nacional. O caminho escolhido, o da musicalidade, tão expressiva nas religiões afro-brasileiras, é outro fator de encantamento. Os cânticos e as gravuras realçam a beleza deste ritual, e sua música é, pela primeira vez, apontada pelo autor como sacra, colocando-a no mesmo nível de outras tradições religiosas ocidentais. Além da metodologia adotada, da observação participante, a linguagem é utilizada com extrema clareza, permitindo a todos um maior acesso ao imaginário social do povo-de-santo. Pessoa de Barros traz intrigantes reflexões sobre a história das comunidades-terreiro. Seu livro permite uma maior compreensão dos vocábulos e insere informações que propiciam o resgate das memórias e do complexo simbólico, que envolve as diferentes religiosidades de matrizes africanas no Brasil.