Há muitas maneiras de começar a falar sobre Cabeça. Por exemplo: este livro nasce em território brasileiro, no Sistema Único de Saúde pública, já com um cacho de século. Ou é um livro sobre o nascimento de M. e sobre não conseguir encontrar Marte no céu e achá-lo muito lindo. Ou uma tentativa de dizer que uma cabeça é dura e feita de pólvora, mas também que é elétrica ou um adorno sensível, mole no início da vida. Ou um livro em que tudo passa/pela cabeça sexo/medo/mão coxa pele. Em todo caso, estes poemas de Maíra Matos se passam entre o SUS e a casa, entre o espaço público e o sonho, o prontuário e a roupa de astronauta. Ou, ainda, entre um capacete / para uma cabeça perfeitamente adequada a grandes feitos e uma pedra com pelos. Com o anúncio de um batismo em primeira pessoa logo no início (me chamo agora alice rocha), seguido por imagens oníricas (o nome veio em sonho), cria-se a expectativa de uma narrativa centrada na voz de uma personagem que nos conduzirá. [...]