Peixe, jumento, ave, cachorro, coruja, porca, bacurim, elefante, vaca, crocodilo, cobra, rato, rã, lagartixa, sapo, onça, barata, minhoca, pombo, siri, bode, hipopótamo, crisálida, tartaruga, gato, carijó, anta, araçari, urubu, abelha, galo, grilo, galinha, zebra, burro, pato, porco, ovelha, boi, carneiro. Esses são alguns dos bichos que nos olham das páginas de Alimária, palavra que significa animal irracional ou besta de carga e, por extensão, pessoa estúpida, grosseira. Os sentidos dicionarizados revelam mais sobre as gentes humanas do que sobre bichos. Foram elas que definiram outras gentes segundo suas funções no sistema econômico. Vivemos ainda esse sonho de azar: capitalismo. Mas a linguagem está cheia de tocaias. Aqui os poemas torcem os sentidos literal e figurado até que a gente compreenda: ter minhocas na cabeça / sabê-la viva e adubada. Em Alimária, gentes de toda espécie dão seus recados. Assim como são as pessoas, são as criaturas. O Mendiguinho (...)