Este livro fala a partir de uma região, a Amazônia, que tem grande implicação e relevância para os destinos da vida no planeta que, atualmente, se vê ameaçado por um sistema histórico de morte, destruição e adoecimento: o capitalismo e sua tecnociência, o capitalismo e sua colonialidade. A Amazônia, por seu lado, nos oferece outros horizontes de sentido a essas histórias de destruição e geografias de colapso. Se a floresta tem, pelo menos, 13 mil anos e a região é ocupada há 19 mil anos, um dos pontos de partida deste livro é a certeza de que a diversidade ecológica e biocultural da Amazônia, tão fundamental à vida no planeta, é o resultado de milênios de um sentir-pensar com a floresta dos amazônidas; com seus saberes de coletar, pescar, caçar, praticar agricultura, habitar, proteger, curar, cozinhar, comer e conviver. Esses saberes se conectam a uma dinâmica metabólica em que um hectare de floresta produz de 40 a 70 toneladas de biomassa por ano, o que não se alcança com [...]