A história começa: a minha, a sua, a de um menino. Ele tem um corpo de onze anos e acha bom ter essa idade. E então sonha. Sonha entre as melodias de músicas francesas e palavras que narram as feridas e cicatrizes de uma guerra (inventada?). Marcelo Bourscheid nos presenteia com páginas que nos roubam um pouquinho de ar a cada palavra que nossos olhos leem avidamente. É uma guerra que nos transporta para os delírios de um menino e sua família fadada a um tempo em que as dores são inventadas para além das perdas, das lacunas e das ausências. Um tempo congelado. A escrita de Bourscheid se corporifica mansa por trás de nossas retinas. Um espetáculo inteiro que se monta diante de nossos olhos e nos lança para cenários carregados de humanidade uma humanidade cruel e árida. Mas, ainda assim, uma humanidade que se apoia em palavras que despertam a necessidade de cultivar a esperança dentro de nosso peito, para que não tenhamos, assim como um de seus personagens, que esquecer o medo(...)