Os judeus em Portugal, onde já viviam por mais de um milênio, viram-se, num abrir e fechar de olhos, cristãos. Batizados de papel passado. E também, em um outro movimento tão rápido quanto o anterior, eis que vêem outra vez judeus. Na sua volta ao judaísmo constituíram o que se chamou a nação judaico-portuguesa. Poderosa, influente, próspera e de um nível cultural acima do seu tempo, habitaram os quatro cantos do mundo. Amsterdam, Antuérpia, Hamburgo, Altona, Bordéus, Baione, Londres, Recife, Goa, Caribe, e Estados Unidos, receberam um grande influxo desses judeus portugueses que deixaram sua marca, não só no mundo intelectual, como em entrepostos comerciais que foram os primórdios da globalização econômica. Altaneiros, creditando-se foros de nobreza e fidalguia herdados da sua vida secular na Península Ibérica, mantiveram-se por muito tempo afastados dos seus demais correligionários provenientes de outras regiões da Europa. Mas o tempo agiu implacavelmente.