Desbravar em nossa mente “arquivos subterrâneos”, “sondar o inconsciente”, como diz Élie Wiesel, muitas vezes pode significar um sinal de perigo. Mas esse perigo revela a face da loucura, que pode servir de abrigo, até mesmo de salvação. Ao nutrir-se da loucura já quando criança e que o acompanhou durante boa parte de sua vida, Wiesel recorreu à literatura e à psicanálise para traduzir o excesso de memória que habitava seus pensamentos. Os fantasmas tinham nome: tratavam-se dos horrores nazistas aplicados no século XX, da constante sensação de desespero e perda. E endereço: campos de concentração no Leste europeu.