Cesário Verde caminhou na contramão de seus contemporâneos: a observação direta e aguda, os motivos prosaicos e seu verso lapidar fazem-no poeta inovador em seu tempo. Razão por que foi pouco lido e muito pouco compreendido em sua época. Entretanto, nas últimas décadas tem sido considerado o grande precursor das letras modernas, em Portugal. Sua poesia impressionista e densa, fruto de uma observação aguda, os motivos prosaicos e o domínio do intelecto, foi rapidamente percebida pelos modernistas. Os poetas do Orpheu logo o compreenderam; tornou-se uma espécie de arauto da modernidade em Portugal. Fernando Pessoa considera-o um mestre. O heterônimo Caeiro homenageia-o. Mário de Sá-Carneiro detém o olhar no seu traço de poeta andarilho urbano. Ricardo Daunt, crítico literário, poeta, romancista e contista, considerando a importância de Cesário Verde na dinâmica evolutiva da poesia portuguesa, assumiu a tarefa de apresentar na íntegra e sem falhas não somente a produção poética de Cesário Verde, como também suas cartas (algumas inéditas em livro), além de dar conta de sua biografia. Buscou em bibliotecas públicas e periódicos os subsídios que pudessem alinhavar a obra em sua feição integral e fez entrevistas com pesquisadores ligados ao acervo remanescente do poeta. Centenas de documentos originais foram examinados, e toda a bibliografia existente acerca de Cesário Verde, à época em que este trabalho foi preparado, analisada.