A janela não abre/não corre/nem range/ela é estática como coluna de uma casa que sustentaria uma família inteira. Ao ler o livro de André Piñeiro pela primeira vez, me deparei com essa e outras frases que fizeram a mim necessário um tempo de pausa e internalização do passeio imagético que o autor nos convida a realizar. Seus poemas são narrativas intensas de histórias pessoais, mas que, gentilmente, nossa imaginação nos empresta como se as tivéssemos vivido, como se estivéssemos assistindo pessoalmente cada linha de seus textos. As palavras do autor são resultado de uma observação mais do que apurada, resultam de sua vivência pelas ruas, a história de seus grandes amores passageiros e, parafraseando Conceição Evaristo, o mar vagueando onduloso pelos seus pensamentos.