Como Bukowski e Henry Miller, a quem foi comparado por um crítico de seu país, Pedro Juan Gutiérrez é um cronista do desencanto do homem contemporâneo. Seus relatos sobre a vida em Havana durante a grande crise de Cuba nos anos 90, contudo, vão além do cinismo urbano. A crispação de seu desespero é muito particular, diferente da dos autores brancos e protestantes. Quem fala aqui é um mestiço, habitante de uma ilha tropical, e isso de alguma forma o faz duvidar da desesperança. Por trás do tom cinzento do cinismo voluntário e procurado se infiltra o sincretismo das cores berrantes de sua cultura de origem- mística, ingênua e afetiva. Ele ainda acredita na possibilidade de remissão, na transcendência do amor.