A narrativa é pulsão humana. O ato de narrar supre demanda fundamental de ouvintes, leitores e miradores. Imaginar histórias é tão vital para a sobrevivência quanto respirar. O narrar pode assumir distintos modos e estratégias. No limite, é direto personagem encarnado por ator ou é mediado por narrador, que conta de si e de outros. Entre estes extremos, demarcam-se combinações possíveis dos gêneros dramático, lírico e épico. Betty Milan trabalha em todos esses registros. Como escritora, começou com os romances, cruzando experiências vividas com relatos de viventes. Desdobrou-se depois em poeta lírica e poeta dramática. É essa produção, o seu teatro, que o leitor encon-trará aqui. Nela a autora mobiliza drama e poesia para encenar sua própria voz. Uma que se diz clara e precisa, variante, mas sempre mediada pela escuta da psicanálise e intensificada por um olhar apaixonado. O amor, a liberdade e outros temas e tratos humanos são expostos de uma perspectiva singular.