Os carcarás estão desnutridos. Deus e o Diabo foram embora da Terra do Sol e se esqueceram dela. Globalizaram o sertão do sertanejo, e ele já não consegue morar em lugar nenhum sem viver contrariado. É nesta atmosfera insólita que este blues se desenha. É a partir do delírio causado pelo sol na cabeça que nasce cada poema escrito por Aliedson Lima. E aqui falo de um poeta que abraça fraternalmente o absurdo/nosso de cada esquina, tecendo versos sobre o rinoceronte enclausurado que ataca as grades do meu peito. Do nosso peito. Não há mais tempo para a poesia. Eu sei disso, o leitor que tem esta obra em mãos provavelmente já alimenta uma ideia parecida, mas o poeta jamais pode abrir mão do seu delírio em prol da realidade. Afinal, é a alucinada vontade de se agarrar à poesia, quando tudo parece se aproximar de um fim, o que o move adiante. Esteja ele desafiando a Deus ou sucumbindo ao poema com a navalha nos dentes, como alguém que desaprendeu a chorar/e que sorri pra alimentar a(...)