E nem depois. E nem dentro. E nem sequer em São Paulo em 2023 nem na Beira em 1918, nem neste dia que corre agora à nossa frente ultrapassada a muita distância a primavera. Nada é absolutamente certo; como tudo aquilo que conduz ao poema, existe e não existe. Mais do que um presente por cada ano desses 30 por fazer, o que lateja sob estes textos e imagens é uma promessa, aí é onde a poesia opera: no trajecto entre a esperança e o futuro. O seu ritmo é o de um encontro pactado com o mistério, uma alegria um bocado azeda que convoca espaços e dilata tanto os tempos que até os pronomes podem trocar, de você para ele, por exemplo; na cama de papel que acolhe as palavras, podem tornar-se outras facilmente. Assim a leitura torna-nos também de revés, como algumas das figuras que pendulam nestes collages, com a cabeça virada para um amor que não tem fim. [...]