A fantasia e o devaneio são a imaginação movida pelos afetos, escreveu Alfredo Bosi. Fantasia e devaneio abrem espaço à poesia. Nessa abertura, exatamente no vazio que se abre, há o poder do verbo. No vazio que se abre, há a indissolubilidade do som e do sentido. É linguagem rítmica que se manifesta, exprime o enlevo em face das coisas e é capaz de descobrir o inesperado. Nesse vazio, a intimidade da alma é exposta. Por sua intervenção, aproxima ou conjuga realidades opostas, indiferentes ou mesmo distanciadas entre si. Não aspira à verdade plena, mas ao impossível verossímil na assertiva de Aristóteles. No espaço dessa abertura, Alexandre descobre o sertão e tem o condão de revelar a sua visão de mundo, a ideia que tem da finitude dos seres e das coisas. Por isso, a evocação. E ela se faz pela imagem mental, no esforço de reter o tempo e o lirismo das coisas. Pois bem, a imagem que se forma deita raiz na palavra. [...]