A ideia de promover um debate académico sobre o tema do corporativismo assentou num propósito claro e ousado: reinscrever na historiografia portuguesa o estudo do sistema corporativo instituído pelo Estado Novo, tomando-o enquanto doutrina e como realidade política e institucional concreta. Retomando o fôlego de uma historiografia crítica sobre o Estado Novo, que nos anos 80 e 90 do século passado permitiu construir grandes linhas de interpretação sobre o tempo do salazarismo, será possível compreender os contextos políticos que moldaram o funcionamento das instituições corporativistas e reinterpretar as suas funcionalidades políticas e de reprodução social. Muitos desses organismos revelaram-se pouco corporativos e próprios de um “capitalismo de organização”. Modelo que, nas circunstâncias portuguesas de crise do Estado liberal, fez do corporativismo o seu principal instrumento de recomposição das classes dominantes e de reconstrução do Estado.