Conheci o Victor Lampert quando ele veio trabalhar comigo na livraria. Ali estava, de repente, sorrindo com cara de bobo (ou seria apenas simpático de uma forma nova?), aquele menino que parecia uma menina e agia como qualquer outra coisa senti um calafrio, nunca disse isso a você. Eu estava com a camisa que estampava em preto e branco um Bob Dylan bem novo, não muito diferente do Victor que estava na minha frente. Então ele me disse algo como bonita camisa, Fernandinho, mas talvez o Fernandinho seja invenção minha, porque o Victor me dá vontade de inventar as coisas. E com a benção de Bob Dylan, eu o amei naquele instante. Ele usava uma camisa do Buzzcocks, mas nele aquilo não era nada agressivo, nada nele era agressivo e tudo nele era compassivo. Como uma encarnação de Walt Whitman (exageros à parte, essa foi a sensação), um Buda menino, Sidarta no palácio real sei que você vai rir disso. [...]