O importante é o processo. A batalha pelo devido processo legal é mais importante do que o combate à corrupção; e o destino das "sociedades do contraditório" depende desta opção. É este o argumento subjacente ao presente trabalho. Um argumento impopular, importa reconhecer. Capaz de defraudar expectativas. Ora, esse é exatamente o ponto. Na procissão dos cadáveres adiados em que se tornou hoje o Estado de Direito e em que, depois de várias vezes declarados mortos, o capitalismo e o fascismo exibem a expressão normalizada a que os obriga a sua reconversão em senso comum, o que pode querer dizer expectativas sociais e normativas? E se a eleição do combate à corrupção como desígnio prioritário da praça pública e bandeira de um sentimento de rebelião contra o sistema político-jurídico, econômico e comunicacional correspondesse afi nal a fazer o jogo do que supostamente se pretende contestar? Falta, como está bom de ver, repensar a efi cácia dos tradicionais mecanismos da mudança e da oposição - diferença, repetição e negação; transição, ruptura e revolução; ato e evento. Falta - é a hipótese deste livro - fazer da própria processualidade uma categoria de oposição.