SOBRE A OBRA: Sobre versos e lírios é a inscrição da dor e da libertação que borra a íris dilatada, a tinta é a garça que repele o olhar e vaga na selvagem quimera do fogo. Assim como em Florbela, um astro flameja o interior da poeta e a imagem refletida do real é o breu transformado em fogo, labaredas de uma alma. O gosto pela mitologia e a elaboração de imagens poderosas e a musicalidade são marcantes na lírica de Josy Santos e o sujeito poético, como nós, leitores, ficamos presos a arames líricos que a poeta constrói, entre outros aspectos, com a sonoridade e o uso de metáforas. A poesia de Josy é extraída de todo e qualquer aspecto da vida humana: a maternidade, o amor, a morte, o medo, a liberdade, o fazer poético, entre outras temáticas, atravessam a obra como a chuva que passeia pelo telhado. O olhar sensível para questões do cotidiano torna Sobre versos e lírios um cântico de beleza e explosão. A poeta, eterna suicida, se lança em doses diárias no abismo, rasga e (re) constrói o verbo e oferece ao leitor o mais puro “verso-lírio”. [?? por Érica Azevedo]