A obra apresenta a linguagem e o modo de viver rural de descendentes de africanos, moradores em bairros remanescentes de quilombos, distantes cerca de 200 km da capital do estado mais rico do Brasil e que conservam, há mais de dois séculos, um modo de ser e de ver o mundo, de organizar suas lutas e continuar insistentemente resistindo às investidas externas contra os seus territórios, conquistados com o sangue de seus ancestrais. Por meio de suas vozes, em suas narrativas, reproduzem esse modo de viver que pode ser percebido na ênfase ao contarem seus causus, quando recorrem a expressões que muitas vezes chamam atenção por fugirem do falar cotidiano do brasileiro, quando os personagens tecem suas tramas na mata, nos rios, nas bifurcações das estradas, fazendo-se ora de expectadores, ora repentinamente tornando-se eles próprios os protagonistas do fato narrado. O trabalho descreve não só a linguagem em uso, como aspectos históricos e socioculturais dessa região rural, mas também [...]