Hoje o que está em jogo na sociedade é a primazia do objeto: o objeto-mercadoria, objeto da tecnologia, objeto da ciência, objeto da moda, todos esses objetos inundam nossas vidas, nosso cotidiano e se tornam próteses de nossos corpos como já anunciava Freud no início do século XX a respeito dos objetos da ciência de sua época: -graças a todos esses instrumentos - o telescópio, o microscópio, o telefone - o homem aperfeiçoa seus órgãos, tornando-se assim um deus de prótese - sem dúvida admirável! - de posse de todos seus órgãos auxiliares. Mas o que fazer quando não funcionam?-. Quem perde um celular tem a impressão de perder um membro do corpo; quem perde o disco duro do seu computador parece ter sido amputado de seu órgão sexual. Por outro lado, o objeto-droga, o objeto-arma, sob a batuta do capital, são objetos-causa das rixas, guerras e mortandade nos confrontos entre tráfico, milícia e política. Esses objetos estão cada vez mais se aproximando do humano, ou seja, estão se autonomizando e sendo empurrados para ocuparem a posição de sujeitos. Estima-se que em menos de 50 anos os aparelhos de inteligência artificial irão se igualar ao funcionamento cerebral. É o que já se chama de trans-humanos: produto do empuxo à subjetivação dos objetos. Se os objetos reivindicam um status de sujeito, é porque o sujeito está ameaçado de desaparecer para que prevaleça seu status de objeto.