Durante muito tempo fomos instruidos, no interior de nossa educação formal e escolar, a consolidar duas idéias que este livro procura problematizar e descontruir. A primeira é a que limita a concepção de intelectual aos portadores da cultura científica e consagra o intelectual acadêmico como um tradutor privilegiado das verdades e concepções do mundo, dos fenômenos. A segunda diz respeito à desclassificação dos saberes da tradição, comumente entendidos como inferiores, sem fundamento, um estágio balbuciante do pensamento. Reconstruir a simbiose das duas faces de um mesmo intelectual é o que se espera da atual reorganização do conhecimento e da cultura. Os métodos, modelos de pensamento e estratégias de que se valem os intelectuais da tradição muito têm a oferecer aos métodos, modelos e estratégios do pensar dos intelectuais acadêmicos. Aproximar essas duas experiências cognitivas - simultaneamente assimétrica, opostas e complementares - pode fazer emergir um pensamento complexo que amplia seus horizontes para além do diálogo entre as especialidades da cultura científica. Por essa razão, esse livro é dirigido a professores, alunos e pesquisadores que investem em uma ciência aberta, complexa e transdisciplinar, independente de suas áreas de conhecimento.