Elas são jovens e belas. E têm muito a dizer. Com A Gaveta das calcinhas, de Lia Luz, a Editora Sulina inaugura a coleção As Endiabradas. São textos de mulheres pós-modernas, independentes e apaixonadas, profissionais e sedutoras, angustiadas e atrevidas, com a alma mo chão c os pés mas utopias. Escrevem por amor às frases, às narrativas, às histórias que não calam. Sem temer as metáforas, elas brincam de anjo c de demônio, desafiam os clichês, têm pressa em mostrar o que sabem, o que podem, o que fazem. Escrevem com as vísceras, com os olhos, com os lábios, com dedos molhados de chanel n°5 acariciando as teclas de potentes computadores. Nelas, charmosas e ousadas, habita o arcaico do ser humano, a paixão, e a vertigem da novidade, a tecnologia que tudo revoluciona. Gatas em linhas de zinco quente, permitem-se escancarar até mesmo a gaveta das calcinhas, revelando por janelas mais do que indiscretas segredos, fetiches, desejos, libidos. Implacáveis, por vezes, mostram-se, em outros momentos, adolescentes cm busca de referências. Tudo melas é construção e ambigüidade, o que as toma misteriosas e conhecidas, presentes e sempre ausentes, movimento perpétuo. A coleção As Endiabradas rompe o silêncio, salvo exceções, dos jovens (especialmente as mulheres) na literatura. Muitas escrevem, poucas publicam. Os leitores descobrirão outras linguagens, ritmos de tirar o fôlego, estilos de vida que nada devem à televisão ou a qualquer mídia uniformizados. Despe-se um mundo de inquietações e de esperanças, de astúcias e de jogos de sedução. A Gaveta das calcinhas retrata uma geração, mão de excluídos, mas de jovens de classe média às voltas com seus destinos, problemas, aspirações, incertezas diante de mudanças comportamentais que os deixam, com freqüência, sem pai nem mãe frente ao desconhecido. Do amor às drogas, tudo se esconde sob a transparência suave de lingeries sem a menor inocência. Com A Gaveta das calcinhas, a Editora Sulina abre a caixa dos enigmas.