Partindo de uma diacronia crítica da personagem desde as concepções aristotélicas, até o formalismo russo, Fernando Segolin apóia-se no conceito de Vladimir Propp de função narrativa para criar a imagem de personagem-função que evoluindo para a personagem-estado chega à caracterização do próprio texto como personagem e, deste, para a anti-personagem e, deste, para a anti-personagem da narrativa moderna. Ora, o estudo de tais procedimentos parece-me de grande relevância para a Teoria da Literatura, de um lado, porque tenta estabelecer a distinção ente a categoria literária e popular da narrativa e, de outro lado, porque cria uma tipologia da personagem-narrativa baseada nas suas características de ser-linguagem. Nessa linha de investigação, o autor apreende a narrativa ou o conto se caracterizam cada vez mais como transformação.