A reedição de Capitalismo Dependente e Classes Sociais na América Latina ocorre em momento oportuno, quando a América Latina vive tempos de exacerbação do nacionalismo e de repúdio à hegemonia econômica dos Estados Unidos. O clássico de Florestan Fernandes, em seus três capítulos, ajuda a compreender a situação atual através da análise das origens históricas dessa velha e persistente crise que, periodicamente, se manifesta com maior ou menor veemência. "Padrões de Dominação Externa na América Latina", o primeiro ensaio do livro, estuda a imposição do capitalismo na América Latina e a incapacidade de reação dos países do continente "de impedir sua incorporação dependente ao espaço econômico, cultural e político das sucessivas nações hegemônicas". O estudo analisa quatro tipos de dominação externa: colonialismo, controle do comércio pelas nações europeias, neocolonialismo surgido após a revolução industrial na Europa e, por fim, a expansão de grandes empresas corporativas no continente, representantes do capitalismo corporativo ou monopolista e que se apossam, por meio de mecanismos financeiros, pressão ou corrupção, do espaço ocupado anteriormente pelas empresas nativas. A análise se detém com mais atenção e profundidade neste novo tipo de imperialismo, "destrutivo para o desenvolvimento dos países latino-americanos", na hegemonia econômica dos Estados Unidos no continente, e na dificuldade de resolver, através do capitalismo, o que o autor chama de "o dilema latino-americano". "Problemas de Conceituação das Classes Sociais na América Latina" analisa a função das classes sociais no continente, a dificuldade de conceituá-las, a sua dinâmica sob o capitalismo e suas relações com o poder. Em "Sociologia, Modernização Autônoma e Revolução Social", o autor expõe o seu pensamento sobre a função do sociólogo na evolução atual da sociedade.