Entre 1946 e 1948, Sergei Eisenstein (1898-1948) tomou notas sucessivas sobre uma história particular do cinema para fins pedagógicos. Para o cineasta e teórico, que havia reformulado constantemente sua reflexão do cinema e das artes ao longo de três intensas décadas, o cinema constituía-se como síntese maior das artes e, sua história exigia uma démarche múltipla para a compreensão dos fenômenos artísticos e sociais que se apresentavam nos filmes. No momento da escrita dessas notas, sua reflexão teórica até então ligada a sua produção prática (a defesa dos próprios filmes, manifestos, polêmicas com outros membros da vanguarda, projetos singulares como Glass House e Das Kapital) se volta para a busca de um método histórico que ultrapassa as escolas, os programas e as tendências que alimentaram a fase áurea da Revolução.