Viva ou morta, ela está de volta. Ela está morta, ele diz a si mesmo pela milésima vez. Ela morreu em meus braços. E quando a toquei depois, aquela última vez que a toquei, não era ela, não mais, era algo frio, frio e vazio. Ela não pode estar viva. Mas esse não é o perfume dela, pelo menos um sinal, sendo carregado pela brisa do inverno? O que é, senão ela, que o desperta nas horas mais escuras da madrugada com o gosto do suor dela na língua, o calor da pele dela vibrando nas pontas dos dedos, a risada farfalhante e gutural ecoando pelos corredores desta casa solitária? Não, ela teve uma vida de assassina e pagou o preço. Ele ouviu o coração dela palpitar e falhar, sentiu o estertor final, e não houve dúvida, nenhuma esperança de poder duvidar que ela se fora. Se fora para sempre. Mas logo, a distinção entre realidade e pesadelo evapora. Como ele pode ignorar o que está acontecendo? Como ele pode negar? São as unhas dela nas costas dele, os braços dela em torno dele, os lábios dela nos seus, desejando, amando-o, devorando-o assim como é o coração pulsante dela no centro do turbilhão que é o seu ataque infernal. Viva ou morta, ela está de volta.