Os contos reunidos neste livro nos levam a participar de uma jornada marcada pela diversidade. Convivem aí o viajante e o artesão. O interesse da narradora se fixa em assuntos e temas bem diferentes, de uma viagem a Cádiz à espera de crianças pela visita do carteiro que traz notícias do pai, este sim viajante. E uso narradora não só por ela ser Angela, mas porque se escuta aí uma voz bem feminina. A cultura nos treinou a sermos mulheres de mil facetas, a nos interessarmos por uma vasta gama de assuntos, indo de um faroleiro e sua solidão a um crime passional, passando por como se aprende a ser fada ou, talvez ainda mais difícil em nossos dias atribulados, como se aprende a ser avó. Fica evidente nessa diversidade a curiosidade que mantém vivo o interesse pela vida e pelos seus significados. Ler os contos de uma sentada equivale a se fascinar com a pergunta que move não só o interesse narrativo como nossa forma de nos inserimos no mundo e nas conversas: “E daí?”.