Esse pequeno livro começa a ter uma grande história. Nele, o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães analisa criticamente a estruturação da nova ordem mundial depois do fim da Guerra Fria, com destaque para os impactos desse processo sobre o Brasil e a América do Sul. As quatro primeiras edições esgotaram-se em seqüência, numa prova da vitalidade do texto. Pelo menos duas especificidades marcam, de forma permanente, a geopolítica do Brasil: a localização no Hemisfério Americano, justamente onde está também a maior potência da nossa época, e a condição de grande país, seja qual for o critério adotado demográfico, espacial, econômico ou de disponibilidade de recursos. Ao longo de nossa história, temos sido o grande país periférico das Américas e somos um dos cinco ou seis grandes países periféricos do mundo, ou países intermediários, aqueles que podem mover-se em direção ao centro. Justamente por isso, merecemos especial atenção por parte das estruturas hegemônicas. Embora nossas capacidades econômicas, diplomáticas, militares e culturais tenham sido erodidas na década de 1990, não fomos nem podemos ser eliminados da História. Com grande população, detentora de clara identidade nacional, com considerável base técnica e industrial, com importantes centros produtores de ciência e tecnologia, com recursos naturais abundantes, com reconhecida capacidade de criação cultural, o Brasil mantém intacto o seu potencial, que será despertado quando constituirmos um novo projeto nacional coerente. Nossa condição é, pois, cheia de tensões e potencialidades. Este é o objeto do livro. Samuel Pinheiro Guimarães não nos conta uma história de fadas, em que tudo se decide no mundo encantado de raciocínios e argumentos. Estuda relações de poder. Examina a estratégia econômica, política, militar e ideológica da grande potência e suas projeções sobre nós. Indica, corajosamente, quais os objetivos estratégicos dos grandes Estados periféricos, como o Brasil, e quais os principais desafios da nossa política externa.