O exercício da síntese é, a meu modo de ver, uma das coisas mais difíceis e encantadoras do ofício da escrita. Conheci a de Sabrina Abreu através da síntese de suas Notas Isoladas postadas durante a pandemia. Suas palavras e a concepção de sua linguagem faziam com que meus dedos freassem a correnteza da timeline para, com assombro, me fixar na precisão trazida pelas breves frases que traduziam um espírito de um tempo. Na concisão das palavras, a concisão de nossas vidas durante o isolamento. Nossos gritos precisos. Um tempo que ela traduziu tão bem através do símbolo da contagem dos dias, que, dispostos como gravetos ou grades um ao lado do outro com um risco por cima, podem se transformar em jaulas, em duas letras h, em magros corpos dançantes, em estranhas hashtags, em compassos numa partitura. Compasso de espera. Contagem do tempo quando, lutando em trincheiras, ele parece não passar ou passar depressa demais. [...]