Os desfiles de carnaval das grandes escolas de samba se transformam, cada vez mais, em megaeventos regidos por normas e prescrições que estabelecem uma certa ordem e formas instituídas de controle que resultam de alianças negociadas. Os desfiles geram empregos e estabelecem um mercado de trabalho assalariado, regido por regras próprias. Eis o tema deste estudo de Leila Blass. Procurar entender a significação do trabalho a partir da experiência dos trabalhadores de uma escola de samba talvez possa nos apontar alguns caminhos a percorrer e os obstáculos a serem removidos para que trabalho, no plano do conhecimento, assim como no de uma transformação social a ser buscada, volte a ser - como o foi em sociedades de outros tempos e lugares, ou ainda é, nas sociedades indígenas brasileiras ou nas escolas de samba de nossas grandes e pequenas cidades, que nos são perfeitamente contemporâneas - uma dimensão da ação humana que, tal como a arte, explicita seu poder de criação e transformação na relação do homem com a natureza, com outros homens e com um universo de valores espirituais para além da ânsia do lucro e do consumo.