A suíço-argentina Alfonsina Storni (1892-1938) – feminista, poeta ao mesmo tempo irônica com o conformismo de homens e mulheres, frontalmente avessa ao patriarcado e celebradora do exercício pleno da sexualidade – já foi lida no Brasil, no início dos anos 1920. O primeiro a comentar os eróticos poemas de seu livro Irremediavelmente (1919) foi Monteiro Lobato, em resenha na Revista do Brasil. De um livro que continha textos que desbancavam machos, como “Homenzinho miúdo” (“homenzinho miúdo, eu te amei por meia hora, / não me peça mais.”) e outros sombriamente sensuais como “Me atreverei a lhe beijar”, um desconcertado Lobato limitou-se a elogiar sua “estranha eloquência, num luxo de imagens novas e expressões vigorosas”.