Quando pedagogos e educadores se interessam pela psicanálise, bem como, particularmente, pela incidência desta no campo da educação e da formação, eles logo cifram suas esperanças na transferência. Eles bem entendem que esse conceito encerra a chave da operação educativa. Porém, será que eles estão dispostos a pagar o preço embutido nesse entendimento? A julgar pela análise elucidativa realizada por Elisabete Monteiro neste livro que você – caro leitor – tem em mãos, uma resposta afirmativa e prematura deve ser descartada. Nossa autora esmiúça a voracidade por métodos e certezas que caracteriza todo espírito pedagógico que se preze muito moderno e atual. Segundo Elisabete, é essa voracidade de controle e eficácia que alimenta tanto o desconhecimento da psicanálise quanto o interesse rápido e inadvertido que não poucas vezes há por ela no campo pedagógico. De fato, quando alguns interessados tomam contato com a psicanálise logo se iludem com a possibilidade de vir a manejar controladamente aquilo que eles creem entender por transferência na cena educativa em prol da produção de certos efeitos buscados com clareza e distinção.