Warat nos incita para o deslocamento de nosso mundo confortável da estabilidade e da segurança jurídica para outras direções, no sentido de abrirmo-nos às múltiplas armadilhas da narrativa científica que de resto, comporta nossas próprias armadilhas. Significa estimularmos a sensação de que o modelo cartesiano de pensar começa a esgotar as estratégias que moldaram um homem dolorosamente fraturado e permitiram imaginar o mundo pautado pela tirania da ordem. Ao reler Warat, lembramos de Edgar Morin e sua ética da complexidade, quando nos diz que nossos paradigmas (categorias operativas de nossa concepção de mundo) são estruturas de pensamento que de modo inconsciente comandam nosso discurso. Por isso, tomamos a mensagem do texto Waratiano como uma proposta de uma nova ética, que é uma ética da compreensão que se explicita quando compreendemos que cada ser humano é, ao mesmo tempo, múltiplo em sua unidade, porém passível de ser dimensionado no âmbito de seu compromisso com o outro, com seu semelhante.