Os gerentes de empresa são treinados para mudar a realidade, segundo Luc de Brabandere. Já os líderes são autodidatas na arte de mudar a nossa percepção do mundo que nos cerca. Essa é a segunda metade essencial e geralmente esquecida da mudança. "Devemos todos mudar duas vezes", diz Brabandere. "Veja as pessoas que sempre chegam atrasadas. Elas poderiam investir em uma agenda, acordar mais cedo ou dar mais tempo entre um compromisso e outro. Mas mudança não é apenas uma questão de ser mais organizado. Se essas pessoas limitarem as mudanças unicamente à ação, voltarão a chegar atrasadas algumas semanas depois, retomando seus velhos e maus hábitos. Para provocar uma efetiva mudança, é preciso modificar o modo de perceber a pontualidade." O mesmo se aplica àqueles que desejam mudar as organizações. Administrar uma empresa ou gerenciar um projeto são tarefas que incorporam duas dimensões distintas. Existe a gestão diuturna, com tomadas de decisões cujo objetivo é aprimorar o processo de forma contínua, e há aquela em que o gerente inventa o futuro e pensa no benefício da organização. Por necessidade, as mudanças que se impõem a uma empresa ocorrem também em dois níveis. Contudo, mudar a realidade é um processo contínuo enquanto modificar percepções é esporádico.