Dom Pedro II, como notaram vários contemporâneos do último imperador do Brasil, não era especialmente elegante. Mas ele, como nenhum outro expoente da política brasileira, soube exprimir suas convicções políticas e morais através das roupas que vestia. Casacas, sobrecasacas, cartolas e guarda-chuvas foram recorrentemente usados pelo imperador com o intuito demonstrar sua simpatia pelo regime republicano. Até mesmo a deliberada utilização de gravatas que entravam em conflito com o dress code da aristocracia europeia era um dos artifícios a que o imperador costumava recorrer com o fito de exprimir sua aversão à pompa da monarquia. Este livro procura reconstruir alguns aspectos da biografia de Dom Pedro II à luz da história da indumentária masculina no contexto do século XIX. Servindo-se de uma rica seleção de fotos e ilustrações, e recorrendo a documentos inéditos, que incluem, por exemplo, uma listagem detalhada das encomendas do imperador na mais renomada casa de alfaiataria inglesa do século XIX, o autor analisa o poder simbólico que as roupas exerciam na constituição da imagem de um dos mais singulares monarcas do período vitoriano.