Este livro conta a história da relação instável do homem com o Universo e questiona-lhe as origens antigas e as fontes bíblicas, retraça-lhe as inflexões medievais e descreve o naufrágio na época moderna. Durante dois mil anos, o homem representou-se a si próprio como um mundo em ponto pequeno, virado para o céu, feito para contemplar. Acreditou que a sabedoria a que aspirava estava em consonância com aquela que já governava o Universo. A ordem e a beleza do mundo eram, aos seus olhos, o modelo impondo o bem. Erguer-se para a virtude, seria imitar o céu. Sobre a terra, lutar contra o mal, seria esforçar-se para reduzir um fenómeno excepcional, na opinião da imensidade do bem. Platão estava de acordo com a Bíblia. Mas esta imagem antiga do ser no mundo, que sobrevivia ainda na Idade Média, iria apagar-se na aurora dos tempos modernos. Deu lugar a "visões do mundo" onde fragmentos esparsos tirados da antiga representação se misturaram com modelos concorrentes outrora reprimidos. Assim, o Universo deixou de ser o preceptor do homem. E não sabemos mais onde contemplar a nossa humanidade. A sabedoria do mundo tornou-se invisível para nós. É-nos necessário repensá-la de outra forma.