Como num cortejo, o Velho, o Soldado, a Mulher e o jogador deslocam-se em direção ao mundo. O momento é movimento: toda e qualquer cristalização de uma verdade se faz inútil. Nem o próprio tempo cumpre seu papel referencial. O grupo, através de épocas e espaços sem ligação, distancia-se e se aproxima, sempre em busca – em casa como em trânsito. Cidades, países e continentes se sucedem como paisagens voláteis, das quais dependem as raízes – aéreas e interiorizadas – dessas personagens. Quanto mais vagueiam, mais para dentro caminham, um caminho de ausência. “A ausência” é uma narrativa em que Handke, funde o épico e a fábula para revolver não só a linguagem, mas também e por meio dela, a humanidade. Neste texto pleno de poesia, portas vão abrindo portas, e nos corredores imagens testemunham a busca.